A propósito do Dia Internacional da Mulher evocamos a meta do #ODS 5, “que todas as pessoas, independentemente de seu género, tenham oportunidades, direitos e benefícios iguais, e sejam tratadas com respeito em todos os aspetos da sua vida”, há, ainda, um caminho a percorrer.
A Câmara Municipal de Cascais reconhece a importância da integração da dimensão da igualdade de género e das práticas de cidadania na Administração Pública Local, e tem feito um percurso significativo com vista à definição e implementação de uma estratégia integrada neste domínio.
O Município de Cascais tem, na sua estrutura orgânica, uma Unidade dedicada à Igualdade de Género, focada na formação, sensibilização e análise, e adotando políticas municipais concorrentes para uma crescente igualdade de género, realiza diagnósticos com vista a detetar fragilidades e vulnerabilidades que requerem ação, promovendo medidas e prioridades para ajustar as assimetrias do território.
Foi, assim, realizado um estudo, no âmbito do Plano Municipal para a Igualdade, plasmado no Relatório de Diagnóstico entre Mulheres e Homens 2022-2025, que visou diagnosticar a realidade em matéria de discrepâncias nas várias dimensões sociais, entre homens e Mulheres.
Olhando para alguns dos (muitos) indicadores analisados neste relatório, destacamos alguns:
Partilha de responsabilidades no seio das famílias. Os dados revelam que os cuidados a crianças e a pessoas dependentes são divididos, entre mulheres e homens, de forma quase igual. Já a realização de tarefas domésticas recai consideravelmente mais sobre as mulheres, uma sobrecarga de tarefas e menor capacidade de dedicar tempo às esferas profissional e pessoal. Pais e mães revelam terem dificuldades em conseguir ir buscar as crianças à escola, por trabalharem longe ou terem horários de trabalho que os impedem de ter esse grau de participação.
Virando o olhar para a dimensão pública, no que diz respeito à presença de mulheres nas instituições sociais do concelho, nomeadamente, na composição dos corpos sociais, por sexo, e taxas de feminização de corpos sociais, consoante a natureza jurídica da entidade, verificou-se que há uma percentagem ligeiramente superior de mulheres (53%).
Habilitações. No campo académico, a população residente em Cascais apresenta os mesmos níveis de escolaridade que a AML e Portugal, ao nível de “sem escolaridade”, 2.º e 3.º ciclos, ensino secundário e pós-secundário. Apenas ao nível do ensino superior, Cascais encontra-se acima da média nacional e da AML. Analisando com a lente de género, verifica-se que Cascais também está em linha com a situação de Portugal e da AML, havendo apenas uma inversão na percentagem de mulheres com ensino superior (16%), em que a percentagem é mais elevada nas mulheres do que nos homens (12%), em 4%.
No que se refere aos níveis de rendimento, sendo uma das características determinantes do nível de vida no território, é uma das condições essenciais à igualdade de participação de mulheres e homens na sociedade e um indicador de coesão social. Tradicionalmente, os dados dizem que as mulheres são mais vulneráveis ao desemprego, embora os dados em Cascais não revelem essa realidade, nem a desigualdade remuneratória.
Já no que diz respeito aos regimes contratuais, não existe uma diferenciação significativa na distribuição por sexo face a quem está empregado por vínculo contratual. Homens e mulheres beneficiam de condições equivalentes. Se tentarmos perceber se há áreas preferidas por homens e mulheres, temos de recuar para o momento em que somos forçados a tomar a decisão do campo ou área a que nos queremos dedicar. A escolha profissional ocorre cedo, quer nos estudos, quer fora do meio académico, condicionando, naturalmente, o caminho.
Relativamente às áreas escolhidas no ensino secundário, a escolha preferencial recai sobre “Ciências e Tecnologias”, para ambos os sexos, com maior predominância por parte dos rapazes. Já as raparigas, é a área de “Línguas e Humanidades”, selecionada por 60,2% (39,8% dos rapazes). As ciências socioeconómicas são selecionadas por rapazes e raparigas, embora seja a segunda escolha dos rapazes e a terceira para as raparigas. De acordo com o Boletim Estatístico de 2021, publicado pela CIG (Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género), quer nas matrículas, quer nas conclusões no ensino superior, o número de raparigas é superior ao dos rapazes em todas as áreas, com exceção nos serviços, nas engenharias, nas indústrias transformadoras e construção e nas tecnologias da informação e comunicação. Quer nas matrículas, quer na conclusão do ensino, a maior parte das raparigas encontra-se nas áreas da saúde e proteção social e ciências empresariais, administração e direito. As áreas STEM (ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática) são as mais carenciadas de profissionais e, atualmente, as mais bem remuneradas, sendo tradicionalmente, preferidas pelos rapazes e não pelas raparigas. Já as áreas sociais são menos escolhidas pelos rapazes.
Consulte, em detalhe, o que fazemos em Cascais, no âmbito da Igualdade de Género: ver aqui.