Velhos são os trapos, lá diz a sábia expressão popular. A pensar na mais-valia que as pessoas mais velhas podem trazer à sociedade, num olhar criativo e inovador, surgiu o projeto A Avó Veio Trabalhar. A iniciativa, presente em Lisboa e nos Açores, está agora, de pedra e cal, em Cascais, em São Domingos de Rana. Esta ação decorre no âmbito do PRR, Plano de Recuperação e Resiliência, e vai ao encontro "de uma estratégia desenvolvida no município, de capacitar todo o território, disseminar um conjunto diversificado de respostas sociais para atingir vários públicos", referiu Carlos Carreiras, presidente da autarquia, no dia 22 de maio, na inauguração do projeto.
O foco é combater a solidão e criar um concelho mais coeso, dos pontos de vista territorial e social. A Avó Veio Trabalhar é um projeto desenvolvido pela Fermenta, e oferece uma variedade de serviços e produtos inovadores que criam pontes e laços nas comunidades, através de trabalhos manuais, feito por "avós", pessoas que têm mais de 60 anos, que ainda têm muito para dar à sociedade, em termos de talento e criatividade. “Estamos a inaugurar esta resposta que andamos a trabalhar há algum tempo, pois a questão da longevidade é um tema. Queremos ter respostas mais inovadoras, para a diversidade de todos os públicos que temos, como as pessoas que são jovens há mais tempo”, salientou Carla Semedo, vereadora da Câmara Municipal de Cascais, com o pelouro da Solidariedade Social, Saúde e Direitos no Território.
A ocasião contou com a presença de algumas das avós que trabalham em Lisboa, entre elas, a avó Rosário, a avó, bisavó, em rigor, mais antiga do grupo, com 88 anos, que contou ter vivido, em Cascais, dos 12 aos 22 anos, e de o seu primeiro marido, que morreu há 60 anos, ter sido escriturário na Camara de Cascais. Entusiasmadas com o projeto em mãos, esperam que a alegria com que trabalham, contagie as avós de Cascais.
“Estamos super entusiasmados por estarmos num território novo, trabalhar com avós novas, e ansiosos por poder fazer vibrar a freguesia, vibrar com a nossa jovialidade, efervescência e criatividade, porque acreditamos que a criatividade não tem idade”, frisou Ângelo Campota, co-fundador do projeto.
Na primeira pessoa, os testemunhos das avós foram firmes e cheios de motivação. "A criatividade está em cada um de nós, e aqui é possível descobrirmos criatividades que não sabíamos que tínhamos. A idade é um preconceito, todas nós podemos fazer milhares de coisas, os neurónios ainda estão cá", disseram.