Evento "Gaming + Saúde: Desafios e Potencialidades"

Evento "Gaming - Potencialidades e Desafios"

A Era Digital é uma realidade e também preocupação. Assim o considerou a equipa científica da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, I.P. (ARSLVT), na área da saúde. Ao tentar antecipar e planear riscos de doença, concluíram que a indústria do gaming superava a indústria do cinema e da música. Reconhecendo os benefícios do mundo digital, e focando-se na população jovem, observou que era fulcral dar o contraponto, proporcionar muitas atividades reais e físicas, promover o bem-estar emocional e físico e combater a dependência de jogos online em jovens.

Assim nasceu o projeto Gaming + Saúde, uma parceria com a Câmara Municipal de Cascais e com a ARSLVT, no âmbito da Agenda Para a Transformação 2030, com foco estratégico na Promoção da Saúde e na Prevenção da Doença, numa lógica de antecipação dos riscos, no quadro dos Determinantes da Saúde. O desafio foi lançado aos 52 municípios do país, e Cascais foi o primeiro a acolher esta ideia, a percecionar e a trazer à reflexão um tema tão importante e preocupante. Há cerca de 18 meses foi assinado o protocolo entre as instituições e, desde então, foram realizadas auscultações junto dos jovens do município, de forma a ter um quadro que ilustre o uso excessivo, ou não, das plataformas de jogo online.

No dia 6 de fevereiro, realizou-se o evento “Gaming + Saúde: desafios e potencialidades", no Centro Cultural de Cascais, que reuniu jovens, os protagonistas deste estudo e ação, e profissionais que trabalham diretamente com esta população e que têm apoiado a autarquia na definição de políticas cada vez mais ajustadas à realidade. Foi a primeira de outras ações que serão realizadas, neste âmbito. Assim, foram debatidas questões sobre esta matéria que se adivinha ser problemática num futuro próxima, acusando, no presente, sinais de dependência alarmante. Igualmente preocupante são os sinais físicos que denunciam a forma como o uso excessivo de telemóveis e outros meios de aceder online, provocam nos jovens. “Fizemos a auscultação aos jovens do município e concluímos que já há muitas doenças, em termos físicos, como dores de cabeça, dores musculares, dores nas mãos, nas influencers, (sobretudo, são mais as raparigas), e dores nos olhos. Estima-se que, em 2030, vamos ter mais de 70% da população a usar óculos, fruto também desta utilização cada vez mais em cima dos ecrãs, os malefícios de estarmos permanentemente neste mundo de ecrãs”, referiu Ana Harfouche, Head da Equipa Científica, Sustentabilidade e ESG ARSLVT, uma das oradoras deste evento.

 

Constatações que são reforçadas por análises prévias. “Um estudo nacional, realizado em 2022, revelou que 15% dos jovens, entre os 12 e os 15 anos, apresentam mais dependência da internet, designadamente, aos videojogos. Em Cascais, os jovens relataram estarem cada vez mais conscientes e atentos aos sinais de alerta e de perigo, fruto de uma aposta que o município tem vindo a fazer nesta área da prevenção dos comportamentos aditivos, quer na divisão da Promoção da Saúde, mas também a da Juventude, que tem uma ação muito incisiva nesta área e que tem essa aposta, que fizeram antes de implementarmos este projeto, e que fez com que os nossos jovens tivessem uma resposta e um resultado bastante mais positivo do que outros estudos que foram feitos noutros municípios. Os jovens têm-nos guiado cada vez mais no ajuste de procedimentos, na adequação da nossa linguagem, quando estamos a elaborar os questionários, na melhor metodologia que vai ao encontro dos jovens do município, independentemente da sua origem ou do seu contexto de vida, o que faz com que estes resultados de um processo de codecisão sejam mais efetivos. Só assim conseguimos que a ação que vamos fazer, decorra de uma necessidade real e concreta”, adiantou Carla Semedo, vereadora da Câmara Municipal de Cascais, presente no evento que se realizou no Dia da Internet Mais Segura.